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Cinco dicas para levar o discurso de diversidade para a real prática organizacional
Recentemente foi publicado o relatório Tendências em Gestão de Pessoas 2022, da Great Place to Work e o material apresentou um dado alarmante para o mercado ...
Recentemente foi publicado o relatório Tendências em Gestão de Pessoas 2022, da Great Place to Work e o material apresentou um dado alarmante para o mercado, sobretudo pela perspectiva de uma profissional de recursos humanos: as pessoas já estiveram mais preocupadas com diversidade dentro das empresas do que hoje.
A GPTW é uma organização que leva muito em conta os fatores de diversidade em seu processo de avaliação para a premiação. O próprio questionário de premiação destaca questões ligadas a diversidade, como gênero, etnia, idade e sexualidade, enfatizando o respeito e um tratamento igualitário a todas as pessoas que trabalham nas empresas ganhadoras. No ano passado, quando a Certsys, onde atuo, ganhou a premiação, tivemos altas pontuações envolvendo essas questões (98/100 para cor ou etnia, 96/100 para gênero, 97/100 para idade e 97/100 para orientação sexual).
O alarmante nesse novo relatório é que esse era um tema que estava ganhando cada vez mais espaço nos últimos anos, mas em 2022 a diversidade passou a ser vista com menor prioridade pelas companhias. Apesar de ainda considerarem essa uma pauta estratégica, somente 12,1% das empresas entrevistadas afirmam que tratam o tema com real maturidade na atualidade, mostrando que o discurso ainda é bonito, mas a prática organizacional está sendo malfeita ou não sendo tratada com a devida importância.
A pesquisa foi realizada com 2.654 pessoas, sendo 65,8% delas da área de recursos humanos. Apenas para que se tenha uma ideia de como as coisas mudaram nesse último ano, em 2019 24% das empresas tinham a diversidade como tema prioritário, em 2020 o número subiu para 28%, em 2021 ele voltou a subir para 32%, porém em 2022 esse valor chegou apenas aos 17%, uma queda brusca para pouco mais da metade do número apresentado no ano anterior.
Isso não pode acontecer. Essa é uma questão de respeito, reconhecimento, combate a preconceitos e valorização de ideias e ideais variados que não beneficiam apenas às pessoas, mas também às próprias empresas, de tal modo que se torna cada vez mais imprescindível que se tenha a diversidade em mente para garantir sobrevivência e prosperidade de negócios e mercados inteiros.
O clamor pela diversidade é uma conscientização humana sobre o estado social, de tal forma que o mercado e o consumidor cada vez mais, sobretudo entre os mais jovens, exige diversidade no ambiente profissional tanto quanto o consumidor demanda engajamentos que vêm por causa de ideias diversas e que respeitam a diversidade em seu relacionamento.
Pensando nisso, resolvi listar cinco dicas sobre como não deixar o papel da diversidade morrer na sua empresa, ajudando na implementação de uma real prática organizacional focada em abraçar todas as pessoas.
- Maior engajamento da liderança – por mais que muitos chefes prefiram delegar, uma cultura organizacional se constrói de cima para baixo. As pessoas seguem seus líderes, seja porque precisam ou porque os admiram. A valorização da diversidade precisa começar de cima, com visões flexíveis e abertas a quebrar antigos moldes. O mesmo tipo de pessoa sempre terá o mesmo tipo de ideia, pois terá lidado com situações, perspectivas e meios semelhantes. Os gestores precisam entender que eles não estão ajudando grupos minoritários, suas empresas é que estão sendo beneficiados por ideias inovadoras de mentes diferentes;
- Cultura diversa precisa ser vivida – muito se tem falado sobre como as pessoas só lembram de falar sobre diversidade em datas que celebram essa condição, como as datas ligas à comunidade LGBTQIA+, às mulheres ou às pessoas pretas. Essa é uma reclamação mais do que válida. O público precisa parar de voltar os olhos para essas pessoas só quando há uma data gritando por sua atenção. É preciso pensar neles todos os dias. Respeitar essas pessoas todos os dias. Dentro das empresas, uma cultura é algo que faz parte da vivência cotidiana, não é uma campanha do RH que dura um dia ou uma semana. Isso chega a ser ofensivo em vários casos. As ideias trazidas por pessoas diversas beneficiam as empresas todos os dias. Logo, é preciso celebrar isso sempre. A equipe inteira precisa estar em uníssono com relação a como se dá voz a todos por igual, e se dá oportunidades para quem já foi muito calado para aplacar o silêncio de anos de culturas organizacionais falhas;
- Cuidado com a tecnologia revolucionária criada por pessoas antiquadas – o uso de tecnologias como a inteligências artificial tem ajudado diversos setores do mercado a prosperar e o RH não é diferente. Há ferramentas de seleção, por exemplo, que facilitam muito o trabalho dos profissionais que precisam selecionar pessoas. Pois isso pode ser um problema se essa IA ou qualquer outra ferramenta foi criada com um olhar limitado. Os algoritmos desenvolvidos quase nunca são neutros, pois eles refletem os valores de quem os criou, o que faz com que não seja raro encontrar um algoritmo preconceituoso. Por vezes, não é nem um preconceito colocado ali de forma explícita, mas o reflexo de preconceitos estruturais da sociedade. Um levantamento feio nos EUA apontou que quase 80% dos programadores do país são homens e só 12% das principais pesquisadoras de machine learning, que é usado para desenvolver IAs, são mulheres. Assim, é preciso aproveitar o que a tecnologia oferece de melhor, mas é preciso estar atento para armadilhas sociais comuns que podem estar excluindo pessoas talentosas de sua empresa, por conta de uma máquina que no final só faz o que os humanos mandam;
- Manter parcerias com centros de formação focados em minorias – hoje, depois de muita luta, já existem centros de formação que se especializam em formar pessoas diversas, não para segregá-las, mas para dar a elas oportunidades que não chegam a elas sem muito esforço. Manter parcerias com esses centros permitem que se tenha confiança na formação de profissionais, com quem haja espaço garantido na sua empresa para pessoas diversas e ainda se ganha em agilidade de processos seletivos, pois se sabe que a formação daquele local atenta às necessidades de sua empresa, semelhante à confiança que muitas empresas ainda têm em instituições de ensino específicas;
- Aprenda com a diversidade de sua empresa – quando se dá voz, também é preciso ouvir. Quando se ouve, se aprende, há mudança e a inovação surge com menor esforço. A criatividade nasce de coisas raras e belas, e uma dessas coisas é a capacidade que temos de valorizar o que nos outros é diferente de nós. Valorizar é mais do que respeitar, é se inspirar!