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Juros e inflação prejudicam maioria dos investimentos

É hora de observar o cenário para não perder dinheiro

Com juros baixos e inflação alta, a rentabilidade da maior parte dos investimentos tem sido reduzida - e, em alguns casos, até mesmo anulada. Em fevereiro, quando o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) ficou em 1,18%, apenas o mercado de ações conseguiu oferecer ganhos ao investidor. Descontada a inflação, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) rendeu 0,51% no mês (veja quadro).

O cenário inspira atenção. Caso o quadro atual permaneça por mais dois ou três meses, é prudente reavaliar quais são os melhores destinos a dar para seu dinheiro. “Em um cenário como o atual, uma opção são os títulos públicos ou fundos atrelados à inflação”, recomenda Fábio Colombo, administrador de investimentos. Um exemplo são os títulos do Tesouro Direto. “Mas essas aplicações podem se tornar menos interessantes se o cenário mudar.”

E o cenário deve mesmo mudar. A previsão é de que os juros subam até abril e, por consequência, a inflação baixe. Portanto, convém ao investidor se manter onde está - ao menos por enquanto.

“A inflação, neste início de ano, subiu basicamente por três motivos: o dólar estava se valorizando, as chuvas excessivas encareceram os alimentos e o ótimo desempenho recente da economia mostrou que havia espaço para que os preços fossem reajustados”, avalia Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA de Economia da Faap. “Mas, agora, parte dessas pressões vai se dissipar.”

Caso os juros de fato subam, e a inflação caia, a rentabilidade dos investimentos vai melhorar. Porém, os especialistas são unânimes em dizer que os investimentos em renda fixa - em especial a caderneta de poupança - não vão oferecer os mesmos ganhos do passado. “Esse tempo já passou”, afirma Ricardo Rocha, professor de Finanças do Centro de Ensino Insper. “Agora, vamos viver um momento interessante, em que as pessoas precisam ter orientação e preparo para saber onde aplicar o dinheiro.”

Os investimentos que pressupõem risco sempre oferecerão ganhos maiores. Por isso, as ações, no longo prazo, costumam figurar entre os mais rentáveis. “Porém, ao escolher a aplicação, deve-se analisar o perfil do investidor em primeiro lugar, e não a rentabilidade do investimento”, ressalta Rocha. “Isso significa que a pessoa deve saber em quanto tempo quer obter retorno e para que fim.”

Com inflação alta e os juros baixos, uma das tendências entre os investidores que possuem capital superior a R$ 100 mil é investir em imóveis. A recente valorização imobiliária aliada à escalada de preços dos aluguéis têm feito dos imóveis uma opção atraente. Porém, além de alguns analistas questionarem se os preços desse mercado já teriam atingido o ápice, há de se considerar também a liquidez desse tipo de investimento. “Quando estiver precisando de dinheiro, nem sempre o investidor vai conseguir vender o imóvel com facilidade”, alerta Santos, da Faap.


O QUE FAZER


Antes de investir, defina como vai usar o dinheiro e quando pretende resgatá-lo. Isso vai direcionar a aplicação

Investimentos de renda fixa são menos rentáveis, porém mais seguros e mais fáceis de serem resgatados. Já os de renda variável apresentam mais riscos e menos liquidez, mas oferecem ganhos maiores

Depois de decidir onde investir, confira extratos mensais de suas aplicações e avalie o cenário econômico para ver se é hora de mudar. Por enquanto, especialistas recomendam ficar onde está pelos próximos dois meses