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Cartilha ensina a controlar dívidas
Os consumidores endividados ganharam mais um aliado para quitar suas dívidas.
Letícia Nobre
Os consumidores endividados ganharam mais um aliado para quitar suas dívidas. O Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec) lançou uma cartilha sobre como se livrar das cobranças, renegociar contratos e se defender de práticas abusivas. O material está disponível nas unidades do Ibedec e do Procon.
“Quem deve não precisa se sentir condenado, pois existem direitos que lhes resguardam”, comenta José Geraldo Tardin, presidente do Ibedec no Distrito Federal. “A cartilha trata justamente disso: como renegociar e quitar as dívidas de forma inteligente”, completa. E a preocupação tem razão de ser: o endividamento do brasileiro aumentou 19,3%, segundo dados oficiais.
No DF, a inadimplência ficou em 4,6% em dezembro, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O índice registra uma trajetória de queda nos últimos três meses do ano e a preocupação dos consumidores em quitar as pendências. “As pessoas estavam mais preocupadas em pagar suas dívidas para ter o nome limpo”, analista Vicente Estevanato, presidente da CDL.
Tardin é mais crítico. “O governo incentivou a concessão de crédito e o brasileiro se endividou por não ter educação financeira e os resultados começam aparecer”. Para ele, o excesso de crédito provocou a situação de inadimplência atual. “São facilidades que levam o consumidor ao erro. Ele acredita que merece comprar, mas não avalia se pode gastar”, observa.
A cartilha traduz os termos comuns do sistema financeiro e traz explicações sobre o que pode ou não ser feito pelo endividado e pelo credor. “Outro erro comum do brasileiro é não praticar advocacia preventiva. Levar uma cópia do contrato para avaliar se não há cláusulas abusivas e ignorar o quanto será pago em juros”, afirma o presidente do Ibedec.
A principal orientação da cartilha é o planejamento na hora de renegociar as dívidas. “Priorize as dívidas com juros mais altos. Tenha novos hábitos e exclua os supérfluos do orçamento”, recomenda Geraldo Tardin. Para isso, o consumidor tem direito à informação.
O Ibedec sugere que os endividados procurem os credores e peçam um relatório sobre a progressão dos débitos para saber o que é dívida e o que são os juros. “Faça o pedido formal, a cartilha traz modelos de como fazer isso. Caso não dê certo, use os recursos judiciais para evitar abusos”, conclui Tardin.
CALOTE ESTÁVEL
A inadimplência dos consumidores em janeiro registrou queda de 1,5% em relação a dezembro, de acordo com a Centralização de Serviços Bancários (Serasa). Na comparação com janeiro de 2008, o calote subiu 12,7%, praticamente o mesmo ritmo verificado em dezembro ante o mesmo mês do ano anterior — aumento de 12,8%. Isso, na avaliação da Serasa, sinaliza estabilidade na evolução da inadimplência nos últimos dois meses.Em janeiro deste ano, as dívidas com os bancos lideram o ranking dos calotes, com 43,6% de participação no indicador. Em janeiro de 2007, foi de 42,6%. Em seguida, com 36,8% estão os débitos com cartão de crédito e financeiras. Em janeiro,a participação foi de 31%.
Dicas
Atitudes para sair do endividamento
- Coloque no papel todas as dívidas, o tempo de atraso e os juros cobrados
- Separe um valor mensal para quitar os débitos, começando com os que têm taxas de juros mais altas, como os cartões de crédito e cheque especial
- Tome empréstimo com juros menores para quitar dívida com taxas mais caras
- Procure os credores e negocie diretamente com eles de acordo com o que o orçamento permite
- Busque os institutos de defesa do consumidor para saber o que pode ser feito em relação a revisão de contratos, como os de financiamentos de carro e casa, crédito direto ao consumidor (CDC) e empréstimos consignados
- Evite fazer dívidas desnecessárias
- Seja disciplinado para acabar com as dívidas